O empresário Gleison Luís Menegildo pagou uma fiança de R$ 15 mil para sair da prisão em Nova Granada (SP). Ele foi detido na terça-feira (27/8) por participação na morte da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, de 16 anos, que estava desaparecida desde dezembro de 2023.
Em depoimento à polícia, Gleison afirmou ter conhecido a vítima por meio de um aplicativo de relacionamento há cerca de um ano e meio. De acordo com o delegado Ericson Sales Abufares, em entrevista à TV TEM, o empresário relatou que, após um novo encontro para uma entrevista de estágio, a adolescente teria iniciado o consumo de drogas na presença dele. Segundo o policial, Gleison disse que retornou e encontrou Giovana passando mal após usar cocaína.
Em desespero, ele teria, então, decidido levar o corpo da adolescente para o sítio, em Nova Granada, no interior de São Paulo, e o enterrado com a ajuda do caseiro Cleber Danilo Partezani. Ele confessou à Polícia Civil de São Paulo que ocultou o corpo de Giovana. A confissão deu-lhe o direito de sair da cadeia mediante pagamento dos R$ 15 mil. Além de Gleison, o caseiro Cleber Danilo Partezani também foi preso e saiu da cadeia após confessar participação na ocultação do cadáver da adolescente e desembolsar R$ 7 mil.
Quem era a vítima
Segundo a mãe, Giovana Pereira era uma menina inteligente e muito dedicada. Patrícia Alessandra Pereira contou que a filha aprendeu a falar inglês sozinha e tinha o sonho de fazer um intercâmbio para o Canadá. “Ele conquistava todo mundo, era extrovertida e muito decidida a realizar os seus sonhos”, diz a mãe.
Giovana era a sua melhor amiga, lembrou Patrícia. “A gente dormia fazendo carinho uma na outra, assistíamos a séries juntas, com brigadeiro e pipoca”.
Mãe afirmou que a menina concluiu o ensino médio, sempre estudou em bons colégios e queria ter o próprio dinheiro. “Ela sempre falou que queria trabalhar, mas eu dizia que não tinha necessidade, meus filhos sempre tiveram o que precisavam”, diz Patrícia ao detalhar que a condição financeira da família era boa.
Patrícia tem dúvidas sobre a versão do empresário. “Eu não tinha conhecimento de que ela estava pedindo um estágio a ele. “Tenho dúvida se não foi ele que falou para ela ir ao local levar o currículo. É muito fácil jogar a culpa e toda responsabilidade para a minha filha, de que ela foi lá, que ela usou droga, que ficou beijando os homens, que estava com roupas inapropriadas, sendo que estava de calça jeans, camiseta e tênis. Estão culpando a única pessoa que sabe o que aconteceu e não pode dizer”, lamentou.
Troca de mensagens
Uma troca de mensagens ocorreu em maio de 2023. Patrícia Alessandra Pereira contou que mexeu no celular da filha e viu o conteúdo da conversa com Gleison. Segundo a mãe, na ocasião, Giovana admitiu que havia se relacionado com o empresário. “Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele”, explicou Patrícia.
Último contato de Giovana com a mãe foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. “Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens”, contou a mãe.
A mãe teme que a influência do empresário na região possa comprometer as investigações. “A lei não é para todos?. Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela”, finalizou Patrícia.
Caseiro diz que recebeu ordens do patrão
Caseiro do sítio indicou onde a jovem estava enterrada e confessou à PM que ajudou a abrir cova. Conforme o boletim de ocorrência, Cleber Danilo Partezani explicou que no dia 21 de dezembro de 2023 o patrão teria aparecido no sítio e pedido que ele abrisse um buraco em determinado local da propriedade.
O empresário, segundo versão do caseiro, pediu segredo e admitiu que iria enterrar um corpo humano. O patrão, porém, não teria informado se seria uma mulher ou homem, e teria retornado à propriedade em outros momentos para praticar tiro.
Foi solicitada perícia ao local e exames no Instituto Médico Legal. O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.